Com queimadas começando mais cedo e incêndios muito acima do normal na América do Sul, correntes de vento espalham fumaça por muitas áreas do continente.
Habitantes do Sudeste, preparem os pulmões: a região deverá ser atingida pela fumaça das queimadas na Amazônia e no Pantanal a partir do fim de semana. O material particulado oriundo dos incêndios nesses biomas já chegou ao Sul. E uma das consequências é o aumento da poluição atmosférica.
Imagens de satélite mostram as densas nuvens de fumaça se espalhando pelo Sul, mostram Meteored e CNN. A partir de 6ª feira (9/8) a circulação dos ventos deve levar a massa de ar também ao Sudeste, atingindo especialmente São Paulo e Rio de Janeiro. Partes de Minas Gerais e Espírito Santo também podem registrar o fenômeno.
O Metsul explica que agosto comumente é um mês de muitas queimadas na América do Sul. Neste ano, porém, o período de fogo chegou meses antes e o número de incêndios em vegetação está muito acima do normal, facilitados por uma seca também iniciada antes do período habitual.
Uma grande quantidade de fumaça vem sendo liberada nos últimos dias por queimadas que ocorrem em grande número no Chaco, Bolívia, Pantanal e principalmente na Amazônia. Uma corrente de vento em baixos níveis da atmosfera, entre mil e 2 mil metros de altitude, que avança de norte para sul pelo interior do continente, levou a fumaça para o Rio Grande do Sul.
A Cordilheira dos Andes atua como uma barreira natural, alterando os padrões de vento e direcionando a fumaça para outras regiões. Por isso o Sudeste e o Sul do Brasil acabam afetados, mesmo estando a milhares de quilômetros dos focos das queimadas.
Se a fumaça ameaça quem está muito longe, a situação é muito pior para habitantes de regiões amazônicas que estão pegando fogo. As cidades do sul do Amazonas enfrentam um aumento significativo nas queimadas em meio à estiagem que atinge o estado e que, segundo o governo, deve ser mais severa do que a registrada em 2023. Em Lábrea, por exemplo, os focos de calor têm impactado diretamente na saúde da população, que reclama da péssima qualidade do ar, relata o g1.
Dados do Programa de BDQueimadas, do INPE, mostram que o Amazonas registrou, de 1º de janeiro até a 3ª feira (6/8), 6.173 focos de calor. Em igual período de 2023 o estado contabilizou 2.902 queimadas – aumento de 112%.
No sudeste do Pará, moradores de Marabá enfrentam consequências à saúde devido ao aumento de queimadas na cidade, de acordo com o g1. Em diversos pontos, fumaças densas cobrem os céus, dificultando o dia a dia da população.
Em Rondônia, na 6ª feira passada (2/8), um levantamento da IQAir, empresa suíça de tecnologia que mede os níveis de poluição em diversos países, mostrou que o ar respirado pelos moradores de Porto Velho, capital do estado, era o pior do país no dia, com um Índice de Qualidade do Ar de 272, considerado “muito insalubre”. Imagens aéreas feitas pela Rede Amazônica e reproduzidas pelo g1 mostram a dimensão da “nuvem” de poluição causada pelas queimadas registradas na região.
O Acre é outro estado amazônico onde a população sofre com as queimadas. Segundo a plataforma Purple Air, que reúne dados de sensores instalados em todo o estado, as medições da poluição do ar se mantêm abaixo do considerado preocupante na maioria das cidades acreanas, mas, mesmo assim, a exposição traz riscos a crianças, idosos e pessoas que possuem condições de saúde delicadas, como problemas respiratórios e baixa imunidade, segundo o g1.
Climatempo, Tupi FM, Um só planeta, Globo Rural e IHU também repercutiram a “viagem” da fumaça das queimadas na Amazônia e no Pantanal.
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ClimaInfo, 8 de agosto de 2024.
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