Fogo consumiu mais de 1,3 milhão de hectares desde janeiro; neste ritmo, mês pode ultrapassar recorde registrado em 2005, com quase 6 mil focos.
As chamas avançam rapidamente sobre o Pantanal. Com menos de uma semana, agosto já superou o total de focos de incêndio registrados ao longo de todo o mês de julho. Nos cinco primeiros dias de agosto houve 1.363 focos de fogo no bioma, número quase 12% superior aos 1.218 registrados nos 31 dias de julho.
O total parcial para agosto é superior também à média histórica de incêndios registrados no Pantanal para o mês (1.478 focos). Como pontuou a MetSul, com 23 dias pela frente, tudo indica que este mês poderá superar o recorde de incêndios para o período (5.993 focos, em 2005). O Metrópoles também destacou esses números.
Com a disparada dos incêndios no Pantanal desde o final de julho, a área total queimada do bioma vem aumentando rapidamente. De acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA/UFRJ), desde janeiro foram queimados mais de 1,3 milhão de hectares pantaneiros, o que equivale a 8,7% da área total do bioma. Correio Braziliense, Poder360 e SBT deram mais detalhes.
O fogo está sitiando comunidades inteiras no Pantanal. “Aqui está terrível, tudo que você pensar do fogo estamos sofrendo. Os vizinhos se juntaram e trouxeram um caminhão-pipa para me socorrer aqui, senão eu estaria queimada. Queimou tudo, tudo”, lamentou a pecuarista Eronildes Cândido, citada por Conexão Planeta.
O g1 mostrou imagens da BR-262 engolfada pelas chamas, que criaram um “túnel de fogo” que assustou os motoristas. Os incêndios nas margens da rodovia estão concentrados nas cidades de Aquidauana, Miranda e Corumbá, em Mato Grosso do Sul. Muitos carros só conseguem passar pelo local com escolta de bombeiros e policiais.
O fogo também destruiu um ninho de araras-azuis mantido pelo Instituto Arara Azul em Miranda. Funcionários e voluntários ajudaram na contenção das chamas, mas não conseguiram impedir que o fogo consumisse praticamente toda a base. O g1 divulgou vídeos que mostram a situação dos ninhos após o fogo.
“Infelizmente, essa tragédia foi superior a 2020 e, agora, apesar de desolados, o que nos resta é tentar manejar e recuperar o que podemos”, disse Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul. “O fogo passou queimando praticamente tudo na região da nossa base de pesquisa”.
Já a jornalista Ana Lúcia Azevedo descreveu n’O Globo o cenário de devastação que ela encontrou no Pantanal. “A fumaça funde a terra, as pessoas, as casas, a vegetação, numa única paisagem ocre, da cor das brasas. O fogo que se intensificou há uma semana nos municípios de Miranda e Aquidauana e se alastrou, levado pelo vento forte e pela temperatura à beira dos 40oC”.
Em tempo: O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima aposta na responsabilização criminal como um dos caminhos para conter o fogo no Pantanal. Segundo a Folha, a Polícia Federal vem avançando nas investigações sobre as causas de 18 focos de incêndio com origem suspeita. A ideia é que os Ministérios Públicos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com base nessas investigações, abram ações criminais contra os responsáveis.
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ClimaInfo, 8 de agosto de 2024.
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