Dois dias após o fim da COP, IEA anuncia que queima do mais poluente dos combustíveis fósseis neste ano deve superar o recorde de 2022.
Após muito choro e ranger de dentes, a COP28 incluiu no texto do Global Stocktake (GST) um compromisso dos países de “afastamento” dos combustíveis fósseis, ainda que não tenha definido como fazer isso. Mas, dois dias após o fim da conferência, números da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) sobre o carvão mineral reforçam a urgência de agir imediatamente para o phase-out dos hidrocarbonetos no mundo. Ainda mais com a quase certa confirmação de que 2023 será o ano mais quente do planeta em 125 mil anos.
De acordo com o relatório “Coal 2023: analysis and forecast to 2026”, da IEA, a demanda do mais sujo dos combustíveis fósseis deve fechar este ano em 8,54 bilhões de toneladas (Gt), para usos energéticos e não-energéticos. O número é 1,4% maior que o registrado em 2022, de 8,42 Gt, e marca um novo recorde global de consumo de carvão.
“Esperamos que a demanda de carvão caia em quase todas as economias avançadas. As maiores quedas ocorrerão na União Europeia e nos Estados Unidos, onde se esperam reduções anuais recordes, de cerca de 20%. Outras economias avançadas – como Coreia, Japão, Canadá e Austrália – deverão registrar taxas de declínio mais baixas. No entanto, o crescimento na China (cerca de 5%) e na Índia (mais de 8%), bem como na Indonésia, no Vietnã e nas Filipinas – que em conjunto representam mais de 70% da demanda mundial de carvão – mais do que compensará essas diminuições em nível global”, destaca o sumário executivo do estudo da IEA.
Apesar do recorde deste ano, a agência acredita que a demanda por carvão diminuirá a partir de 2024 – e assim esperamos para que limitemos o aquecimento global aos já quase atingidos 1,5oC da meta do Acordo de Paris. É projetado um avanço das energias renováveis em todo o planeta para “levar o consumo mundial de carvão a uma trajetória descendente”. Apesar disso, a agência não prevê uma redução de seu uso na indústria, destacam Folha, O Globo e Correio Braziliense.
A IEA acredita que em 2026 o consumo de carvão será 2,3% menor que o volume registrado em 2023, informa o DW. Entretanto, o relatório faz uma ressalva: esta queda depende do ritmo de crescimento econômico da China – que responde por 54% do consumo mundial de carvão – e do uso do combustível fóssil por aquele país nos próximos anos.
“Em 2000, as economias avançadas representavam quase metade do consumo mundial de carvão (48%), enquanto China e Índia representavam juntas 35%. Em 2026, esperamos que China e Índia respondam por mais de 70% do consumo global de carvão, e que União Europeia e Estados Unidos representem, cada um, cerca de 3%. Esta disparidade crescente na dependência do carvão entre os países poderá apresentar desafios para o futuro diálogo internacional sobre a necessidade de um rápido declínio na utilização global do carvão para alcançar os objetivos climáticos”, chama atenção a IEA.
Agência Brasil, epbr, Reuters, AFP, CNN, Bloomberg e CNBC também noticiaram o recorde de consumo de carvão em 2023 previsto pela IEA.
ClimaInfo, 18 de dezembro de 2023.
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