A defesa dos acusados informou que só vai se pronunciar sobre o caso após o avançar da instrução criminal.
Por conta do grande número de pessoas a serem interrogadas no processo, a audiência será realizada em oito datas diferentes. O calendário foi definido por meio de cooperação entre as partes, sendo que 23 ex-pacientes foram ouvidos na quarta-feira (7).
Nesta quinta-feira (8) serão interrogadas vítimas e informantes indicados pelo Ministério Público (MP). Nos dias 9, 12 e 13 deste mês será a vez das testemunhas indicadas pela acusação e, nos dias 26, 27 e 28 serão ouvidas as testemunhas de defesa e os dois acusados que administravam a clínica.
Polícia Civil investiga clínica irregular que mantinha 70 pessoas em cárcere privado
Relembre o caso
Conforme a denúncia, o casal estaria privando os pacientes do tratamento de saúde adequado, os obrigavam a fazer trabalhos excessivo, além de usar meios de correção inadequados. Os policiais ainda encontraram ligações irregulares de energia elétrica, situação que também está na denúncia.
Grades trancadas na clínica irregular — Foto: Divulgação/Polícia Civil
As investigações começaram quando um dos pacientes esteve na 1ª Central de Atendimento da Polícia Civil, em Palmas, para fazer denúncia, em novembro de 2023. Ele relatou que sofria agressões físicas e psicológicas. Quem cometia o crime seriam dependentes químicos que estavam em tratamento, que trabalhavam na clínica e eram incentivados por Felipe a praticar as agressões.
O inquérito policial levou ao pedido de busca e apreensão, que aconteceu em fevereiro. Os policiais encontraram portas e janela com grades e alguns dos pacientes trancados.
‘Reintegração baseada na espiritualidade’
O contrato para tratamento não era adequado para o tipo de serviço prestado, segundo a denúncia. A promotoria teve acesso a um dos documentos que dizia que a clínica oferecia um serviço de ‘reintegração baseado na espiritualidade’.
Muitos pacientes relataram ainda que foram para a clínica de forma involuntária e conforme a denúncia, os parentes eram enganados quanto às condições do estabelecimento com fotos que não condiziam com a realidade local.
Buraco que os pacientes eram obrigados a cavar em caso de desobediências — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Depoimentos de pacientes
Um dos pacientes disse em depoimento que entrou para o tratamento de forma voluntária, mas se arrependeu e quis sair. Entretanto, foi impedido por causa da multa do contrato. Ele relatou que Felipe mandava os coordenadores agredirem os pacientes.
Outro paciente afirmou que não passou por nenhum atendimento médico que autorizasse a internação. Muitos contaram que eram mantidos trancados e além dos trabalhos forçados, eram obrigados a cavar buracos na área da clínica, que funcionava em uma chácara.
Um dos quartos da clínica — Foto: Kaliton Mota/TV Anhanguera