Diretor da agência, Fatih Birol avalia que patamar permanecerá estável até década de 2040 e estará baseado em uma produção de 4,5 milhões de bpd.
Projeções da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) mostram que a demanda global por petróleo deverá atingir um pico antes de 2030 e começará a cair gradualmente. A diminuição se dará devido à expansão das fontes renováveis de energia elétrica e da eletrificação dos transportes. Mas, até lá, a participação do Brasil na oferta mundial de combustíveis fósseis vai subir, com a elevação da produção – mau sinal para a segurança hídrica do país, como mostra o estudo da ANA citado anteriormente, já que mais gases de efeito estufa serão jogados na atmosfera.
Em visita ao Brasil, o diretor executivo da IEA, Fatih Birol, disse que a fatia do país na oferta global de petróleo vai passar dos atuais 3% para 4% até 2030, informam Valor, O Globo, UOL e Forbes. Segundo Birol, o Brasil deverá permanecer no patamar de 4% até 2040, com uma produção média de petróleo de 4,5 milhões de barris por dia (bpd).
“Sabemos que a procura global de petróleo irá em algum momento no futuro atingir o pico e diminuir, mas não desaparecerá da noite para o dia”, afirmou o diretor da IEA, em coletiva após a assinatura do Plano de Trabalho Conjunto com o Brasil para a Aceleração da Transição Energética com o governo.
Em novembro do ano passado, a produção média de petróleo do Brasil bateu recorde, atingindo 3,678 milhões de bpd, com o desenvolvimento de importantes áreas do pré-sal, segundo os dados mais recentes da ANP. A expectativa é que a produção doméstica continuará crescendo ao longo desta década com o pré-sal.
Setores do governo federal e a indústria de petróleo nacional costumam destacar que grande parte da produção de combustíveis fósseis do país ocorre em alto-mar, com baixos custos e baixas emissões. Por isso, o Brasil se credencia para ser um importante supridor por mais tempo que outros players no mundo, durante o processo de transição energética, diz a Folha.
A grande questão é saber se o clima do planeta irá resistir a esse “tempo a mais” de queima dos combustíveis fósseis que o Brasil almeja. Diante do agravamento dos eventos climáticos extremos, a resposta já é bem conhecida.
Em tempo: Desde que assumiu o comando da Petrobras, em janeiro do ano passado, Jean Paul Prates bate na tecla de que a petroleira irá investir em transição energética. Um ano depois, o que se viu até agora foram promessas, planos e narrativas contraditórias. Por isso é preocupante quando Prates diz que a Petrobras não dará nenhum “salto no escuro” em seus investimentos em renováveis, como informam Broadcast e IstoÉ Dinheiro. Em apresentação a investidores reunidos em Nova York na 4ª feira (31/1), no 2º dia do “Deep Dive” da companhia na cidade, a Petrobras anunciou que seus projetos de energia eólica e solar em terra podem chegar a 5 GW em 2028. Mas, ao mesmo tempo, seu presidente deixou claro que a empresa vai investir “em ativos rentáveis e em áreas que possuem sinergias com as atividades que a companhia já desenvolve” – ou seja, petróleo e mais petróleo. Como as eólicas offshore e a produção de hidrogênio têm sido constantemente citadas como os focos da empresa em renováveis, resta saber quando – ou se – a Petrobras vai mesmo se tornar uma companhia de energia ou continuará como apenas uma petroleira.
ClimaInfo, 2 de fevereiro de 2024.
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