Sem carro elétrico nacional, indústria automobilística pode perder apelo para exportações, alerta associação

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Sem carro elétrico nacional, indústria automobilística pode perder apelo para exportações, alerta associação

Produção de veículos elétricos será vital para manter vocação exportadora da indústria brasileira; setor reclama da volta do imposto de importação sobre modelos a bateria.

O ano de 2024 começa com um sentimento misto entre as empresas que atuam no segmento de carros elétricos no Brasil. Por um lado, a volta do imposto sobre os modelos importados incomodou o setor, já que o encarecimento consequente desses veículos deve dificultar sua disseminação entre os consumidores brasileiros. Por outro lado, o programa de Mobilidade Verde (Mover) divulgado pelo governo federal trouxe algum alento ao sinalizar novos incentivos à produção nacional de carros elétricos. 

Em entrevista à Folha, o presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), Ricardo Bastos, fez um balanço de como o setor enxerga essas medidas. A principal preocupação, segundo ele, é que a adoção da tecnologia elétrica pela indústria automobilística brasileira seja lenta a ponto de o país perder sua competitividade como exportador de veículos e peças automotoras.

“Você pode escolher se fechar, se esconder e postergar um problema que vai te atingir daqui a um par de anos ou um pouco mais. Em 2023, por exemplo, as exportações brasileiras começaram a cair”, destacou Bastos. “Em algum momento, quando acordarmos, não vamos ter mais nada para buscar. E aí, vamos ficar presos a uma indústria antiga. No nosso entendimento, o Brasil deve se abrir, deve atrair as novas tecnologias”. 

No curto prazo, a cobrança do imposto de importação sobre os carros elétricos trazidos de fora já está encarecendo o preço do produto. Um Só Planeta fez um balanço dos reflexos da volta do imposto sobre os preços dos principais modelos comercializados no país. A alíquota é de 10% para os veículos 100% elétricos e 12% para os híbridos; porém, o governo planeja subir gradualmente essa cobrança, até chegar a 35% para todas as categorias de veículos eletrificados em 2026.

Pelo lado dos incentivos, o Estadão deu mais detalhes sobre o Mover. A ideia do governo é incentivar as montadoras a abrir unidades de produção de carros elétricos no Brasil, bem como investir em pesquisa e tecnologia nacional. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o programa custará R$ 3,5 bilhões em 2023, dos quais R$ 600 milhões serão bancados pela volta do imposto de importação.

Em tempo: O Financial Times informou que a montadora chinesa BYD está negociando a compra da Sigma Lithium, a maior mineradora de lítio do Brasil. O negócio deve movimentar quase US$ 3 bilhões e faz parte da estratégia da empresa para se instalar no mercado brasileira e ganhar competitividade na fabricação nacional de carros elétricos. No ano passado, a montadora assumiu o complexo fabril deixado pela Ford em Camaçari (BA). Auto Esporte, Estadão, Folha, O Globo e Metrópoles também repercutiram a negociação.

ClimaInfo, 16 de janeiro de 2024.

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