Vítima teve parte da orelha arrancada com uma mordida durante briga em Araguaína — Foto: Reprodução/redes sociais/Raylland Ferreira
Os médicos explicam que no caso de Raylland foi uma lesão traumática do polo superior da orelha. “Em situações específicas, como a avulsão com perda da hélice e anti-hélice superior da orelha, o desafio se torna ainda mais complexo e nesses casos a reconstrução do arcabouço cartilaginoso é essencial”, disse o cirurgião, Dr. Weber Moragas.
O Dr. Jonas explica que a orelha tem uma estrutura tridimensional bastante complexa de ser reproduzida e isso traz bastante dificuldade no processo operatório. “Para definir o tipo de reconstrução vai depender do grau da perda que teve. Se foi uma perda pequena, a gente pode reconstruir as vezes com retalhos tubulares só de pele. Se for uma perda maior a gente vai ter que usar enxerto de cartilagem”, explicou o médico.
Área doadora de cartilagem da orelha — Foto: Reprodução
Em algumas situações é possível pegar a cartilagem de outra orelha para fazer a cirurgia. Caso não dê certo, a cirurgia pode ser feita utilizando a cartilagem das costelas, a cartilagem costal. Segundo o médico, a cartilagem costal passa por avaliação, porque dependendo do paciente, por exemplo, um adulto mais velho vai ocorrendo a calcificação dessas cartilagens.
Por ser um procedimento mais complexo, esse tipo de cirurgia pode ser feita em duas, três ou até quatro etapas, sendo:
- Tirar um enxerto de cartilagem costal e levar essa cartilagem da costela para a orelha
- Depois faz um arcabouço junto ao couro cabeludo/cabeça, para poder manter esse enxerto de cartilagem na região
- Em seguida libera esse enxerto de cartilagem e utiliza enxerto de pele para recobrir a cartilagem e as outras regiões da orelha para que ele fique com um bons aspectos estético e funcional
Área doadora de cartilagem da costela — Foto: Reprodução/
O tempo de recuperação de cada etapa pode ser de seis meses, dependendo da situação. Sendo assim, a reconstrução de uma orelha pode levar um ano ou mais. Conforme o Dr. Weber, “a recuperação é breve e o nível de dor é geralmente baixo”.
Nervos e audição
O risco da perda de audição é quase nulo já que esse tipo de cirurgia ocorre mais na parte externa da orelha. Segundo o Dr. Weber, é necessário todo o cuidado para evitar acidentes. “No entanto, durante o procedimento, é crucial adotar precauções para evitar distorções que possam estreitar esse canal”.
A orelha é formada por vários nervos e por conta de uma lesão eles podem ser afetados. O Dr. Jonas explica que a parte da reconstrução acaba tendo “uma enervação totalmente diferente” e que em alguns casos é “difícil recuperar a sensibilidade da região que teve a lesão”.
Weber também explica que com a autonomização desse retalho, ou seja, do enxerto da cartilagem e da pele, pode ocorrer gradualmente a sensibilidade na região. “Este processo envolve uma recuperação parcial, à medida que os nervos se regeneram e reconectam ao novo tecido”.
Cirurgias plásticas pelo SUS
Quatro tipos de cirurgias plásticas são realizadas pelo SUS no Tocantins — Foto: Gláucia Mendes/Governo do Tocantins
Apesar da neo-otoplastia, cirurgia plástica de reconstrução parcial ou total da orelha, não ser feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), outras cirurgias podem ser realizadas gratuitamente pelo sistema de saúde no estado.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde algumas cirurgias plásticas são habilitadas no Tocantins, sendo:
- Cirurgias plásticas para hipertrofia mamária feminina e masculina;
- Reconstrução de mama pós-mastectomia;
- Cirurgia pós-bariátrica (dermolipectomia e mama);
- Reconstrução de pele após queimaduras graves.
Todas essas cirurgias podem ser feitas no Hospital Geral de Palmas (HGP). Já os hospitais de Araguaína e Augustinópolis, realizam apenas os procedimentos relacionados a mama.
Raylland contou ao g1 segue fazendo os acompanhamentos médicos e deve fazer a procedimento no próximo ano. Após o caso de agressão, a empreendedora ganhou uma doação para a cirurgia.