Bilionários ficaram US$ 2 trilhões mais ricos em 2024 enquanto nível de pobreza global permanece o mesmo desde 1990

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Bilionários ficaram US$ 2 trilhões mais ricos em 2024 enquanto nível de pobreza global permanece o mesmo desde 1990

Com o aumento acelerado da riqueza dos bilionários, mundo agora está a caminho de “bancar” pelo menos cinco trilionários – sim, trilionários – nos próximos 10 anos.

No ano passado, ganhou força uma campanha global, capitaneada pelo Brasil durante sua presidência no G20, de taxar os pouco mais de 2.000 bilionários do planeta para usar esses recursos no combate à fome, à pobreza e às mudanças climáticas. Se os 2% de cobrança propostos tivessem sido aplicados somente nos ganhos desse grupo entre 2023 e 2024, seriam US$ 40 bilhões arrecadados.

O cálculo se baseia em números do relatório “Às custas de quem? – A origem da riqueza e a construção da injustiça no colonialismo”, da OXFAM. Lançado na 2ª feira (20/1) por ocasião da reunião de 2025 do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, mas também no mesmo dia em que Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos cercado por uma turba de bilionários, o estudo escancara como as desigualdades econômicas continuam em alta no planeta, com pouquíssimos ficando cada vez mais ricos e bilhões de pessoas pagando a conta – inclusive da crise climática.

As cifras e análises são tão impressionantes que é difícil escolher o que mais choca. Segundo a OXFAM, a riqueza dos bilionários aumentou em US$ 2 trilhões no ano passado – três vezes mais rápido que em 2023. É somente desse acréscimo que a taxação de 2% sobre os bilionários renderia US$ 40 bilhões. Mas há muito mais no relatório.

Em 2023, a Oxfam projetou que, no ritmo de aumento da riqueza dos bilionários naquele ano, em uma década o mundo veria surgir 1 trilionário – sim, uma única pessoa com fortuna na casa do trilhão de dólares. Mas, diante do que ocorreu no ano passado, agora a organização prevê que serão 5 trilionários em 10 anos. E não será surpresa se todos eles forem nomes que estão no atual gabinete de Donald Trump.

O número de bilionários subiu para 2.769 no ano passado, ante 2.565 em 2023. Suas riquezas combinadas aumentaram de US$ 13 trilhões para US$ 15 trilhões em apenas 12 meses. Foi o segundo maior aumento anual na riqueza dos bilionários desde o início dos registros. A riqueza dos 10 homens mais ricos do mundo cresceu quase US$ 100 milhões por dia. Mesmo que perdessem 99% de sua riqueza da noite para o dia, ainda se manteriam bilionários.

Em média, quase quatro novos bilionários surgiram a cada semana no ano passado. Enquanto isso, destaca a OXFAM, o número de pessoas vivendo na pobreza mal mudou desde 1990, de acordo com dados do Banco Mundial.

Muitos dos super-ricos, particularmente na Europa, devem parte de sua riqueza ao colonialismo histórico e à exploração de países mais pobres. Essa dinâmica de extração de riqueza persiste até hoje: grandes somas de dinheiro ainda fluem do Sul Global para países do Norte Global e seus cidadãos mais ricos, no que o relatório descreve como um colonialismo moderno. O 1% mais rico em países do Norte Global, como EUA, Reino Unido e França, extraiu US$ 30 milhões por hora de países de baixa e média renda em 2023. 

O Norte Global controla 69% da riqueza mundial, 77% da riqueza dos bilionários e abriga 68% dos bilionários, apesar de representarem apenas 21% da população global. Enquanto isso, países de baixa e média renda gastam em média quase metade de seus orçamentos nacionais com pagamentos de dívidas, muitas vezes para credores ricos em Nova York e Londres.

“Os super-ricos gostam de dizer que ficar rico exige habilidade, determinação e trabalho árduo. Mas a verdade é que a maioria da riqueza é tomada, não criada. Muitos dos chamados ‘autodidatas’ na verdade são herdeiros de vastas fortunas, passadas por gerações de privilégio imerecido. Bilhões de dólares não tributados em heranças são um afronta à Justiça, perpetuando uma nova aristocracia onde a riqueza e o poder permanecem nas mãos de poucos”, disse Amitabh Behar, diretor-executivo da OXFAM Internacional.

E a injustiça não é só financeira, mas também climática. Um outro estudo da OXFAM mostra como o 1% mais rico da população mundial torrou sua parte justa do orçamento global de carbono – ou seja, o volume total de gases de efeito estufa que podem ser emitidos sem inviabilizar o limite de 1,5°C para o aquecimento da Terra – para todo o ano apenas nos primeiros 10 dias de 2025.

O novo estudo da OXFAM sobre o enriquecimento crescente dos bilionários foi noticiado por IstoÉ, Brasil de Fato, Exame, CNN, Valor e Folha.

 

ClimaInfo, 21 de janeiro de 2025.

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