Shell reduz metas climáticas de olho em aumentar exploração de gás fóssil

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Shell reduz metas climáticas de olho em aumentar exploração de gás fóssil

Mudanças são centrais na nova estratégia da petroleira de focar em projetos de margem mais alta, manter produção de petróleo e aumentar a de gás.

Ao que parece, a Shell não se cansa de ser mandada para o inferno por acionistas e ambientalistas que cobram mais ações da petroleira para reduzir emissões e eliminar combustíveis fósseis. A companhia enfraqueceu suas metas de redução de emissões de carbono na próxima década, mas mantém a ambição de se tornar uma empresa de emissões líquidas zero até 2050.

Agora, a Shell prevê reduzir sua intensidade líquida de carbono em 15% a 20% até 2030, em comparação à meta anterior de 20%, de acordo com sua mais recente atualização da estratégia de transição energética, publicada na 5ª feira (14/3). E também abandonou sua meta de redução de 45% até 2035, citando “incerteza no ritmo da mudança na transição energética”. As metas partem de uma linha de base de emissões em 2016, explica a Bloomberg.

A mudança nas metas reflete os planos do CEO da petroleira, Wael Sawan, para tornar a Shell mais “enxuta e disciplinada”, relata o Financial Times, em matéria traduzida pela Folha. Isso significa manter a produção de petróleo estável, aumentar as vendas de gás fóssil liquefeito e ser mais seletiva sobre os tipos de produtos energéticos de baixo carbono que vende.

E não para por aí. Os recursos da Shell para energia de baixo carbono também podem diminuir nos próximos anos. A empresa planeja investir de US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões entre 2023 e 2025, dos quais US$ 5,6 bilhões já foram aplicados em 2023.

Com suas metas climáticas enfraquecidas, a petroleira vai diminuir o ritmo de suas reduções de emissões justamente em uma década que os climatologistas alertaram ser crucial para evitar uma catástrofe climática, destaca o Guardian. Agathe Masson, do grupo de campanha Reclaim Finance, disse que o “passo retrógrado” mostra mais uma vez que “a Shell não tem interesse em agir pelo clima”.

A avaliação é reforçada por Mark van Baal, fundador do Follow This, grupo que reúne ativistas climáticos detentores de ações de petroleiras. “Com esse retrocesso, a Shell aposta no fracasso do Acordo de Paris sobre o clima, que exige quase a redução pela metade das emissões nesta década”, disse.

Simultaneamente, van Baal faz um convite para tentar mudar esse cenário: “apenas os acionistas da Shell podem mudar a opinião do conselho votando em nossa resolução climática na assembleia de acionistas em maio”. Ou a petroleira muda, ou será mandada para o inferno novamente.

Exame, Reuters e Independent também destacaram o enfraquecimento das metas climáticas da Shell.

Em tempo: Nos Estados Unidos, poços de petróleo e gás fóssil, oleodutos e compressores estão liberando três vezes mais metano do que o governo sabe. Esse vazamento do gás, 80 vezes mais potente que o CO2 no agravamento do efeito estufa, causa danos climáticos anuais de US$ 9,3 bilhões, mostra um estudo publicado na Nature e repercutido por AP e Guardian. Por outro lado, como mais da metade dessas emissões de metano vem de um número pequeno de locais de petróleo e gás, isso significa que o problema, embora maior do que se imaginava, pode ser facilmente solucionado, disse Evan Sherwin, autor principal da pesquisa.

ClimaInfo, 15 de março de 2024.

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