“Pausa nas autorizações de GNL toma a crise climática pelo que ela realmente é: a ameaça existencial do nosso tempo”, afirmou o presidente Joe Biden
O governo dos Estados Unidos suspendeu na 6ª feira (26/1) a emissão de novas licenças para a implantação de terminais de exportação de gás fóssil na forma liquefeita (GNL). A moratória irá durar durante a administração de Joe Biden avalia como os embarques do combustível fóssil afetam o clima no planeta, a economia e a segurança nacional.
“Analisaremos com atenção os impactos das exportações de GNL nos custos de energia, na segurança energética da América e no nosso ambiente”, disse Biden num comunicado destacado por Bloomberg e Folha. “Esta pausa nas novas aprovações de GNL vê a crise climática como ela é: a ameaça existencial do nosso tempo”, completou o presidente, candidato à reeleição e que está dando a partida na campanha eleitoral.
Nenhuma nova permissão para exportação será aprovada antes que o Departamento de Energia (DOE, sigla em inglês) dos EUA tenha atualizado suas avaliações de cada projeto, afirmou a titular da pasta, Jennifer Granholm. A atualização, no entanto, deverá levar vários meses, segundo um funcionário de alto escalão do governo.
Empresas e países da Europa dependem do fornecimento constante de gás fóssil liquefeito dos EUA, que se tornou o maior exportador mundial do produto no ano passado, enquanto o continente europeu tenta se livrar do combustível canalizado da Rússia após a invasão da Ucrânia, em 2022. Os aliados dos EUA na Ásia também cobiçam o GNL, à medida que procuram abrandar o consumo de carvão.
A medida agradou ambientalistas, críticos à ambígua política de Biden em relação à crise climática e à eliminação dos combustíveis fósseis até as eleições. Eles saudaram a medida e cancelaram o protesto planejado na sede do DOE no próximo mês, informa a Reuters.
“É um marco”, disse Roishetta Ozane, fundadora e diretora do The Vessel Project of Louisiana, voz importante na oposição ao GNL e que afirma que a saúde da sua família é afetada por estes terminais. “Isso prepara o terreno para possíveis rejeições e retarda o progresso desses projetos.”
Diretora política do Movimento Sunrise, Michelle Weindling disse que a pausa nos terminais de gás fóssil ajudaria Biden a obter o apoio dos eleitores jovens em novembro, nas eleições presidenciais. “É preciso ver que os líderes estão a liderar com ousadia e sem remorso para resolver esta crise”, disse ela.
Mas não são só os votos de defensores do planeta que Biden espera conquistar com a medida. Áreas da indústria dos EUA, que vão desde produtos químicos, aço, alimentos e agricultura, também se opõem às exportações irrestritas de gás do país. Para eles, isso aumenta os riscos para os preços e a garantia dos combustíveis.
A pausa para novos terminais de GNL nos EUA também foi noticiada por Wall Street Journal, CNBC, AP, Guardian e Financial Times.
Em tempo: Se depender dos números do ano passado, o cenário para o phase-out dos combustíveis fósseis é muito mais desafiador do que se imagina. A geração mundial de eletricidade a partir do carvão atingiu níveis recordes em 2023, enquanto as exportações de carvão térmico ultrapassaram 1 bilhão de toneladas métricas pela primeira vez, destaca a Reuters. A geração elétrica à base deste combustível fóssil foi de 8.295 terawatts-hora (TWh) até outubro, aumento de 1% em relação a igual período de 2022 e a maior já registrada, de acordo com o think tank ambiental Ember. Já as exportações totais de carvão térmico foram de 1,004 bilhão de toneladas métricas durante todo o ano, um aumento de 62,5 milhões de toneladas, ou 6,6%, em relação a 2022, mostram dados de rastreamento de navios da Kpler.
ClimaInfo, 29 de janeiro de 2024.
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