ExxonMobil processa ativistas para barrar propostas climáticas em assembleia de acionistas

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ExxonMobil processa ativistas para barrar propostas climáticas em assembleia de acionistas

Petroleira que sabia das consequências da queima de combustíveis fósseis para o clima há 40 anos agora cala acionistas que cobram metas climáticas da empresa

No início do ano passado, vazaram documentos e análises científicas da petroleira Exxon que mostravam que, ao menos desde a década de 1970, ela tinha conhecimento sobre os perigos do aquecimento global. Mesmo diante desse crime explícito contra o planeta, a companhia não se emenda. Além de continuar apostando na expansão dos combustíveis fósseis, quer calar quem cobra dela ações para eliminar os hidrocarbonetos e agir para minimizar a crise climática pela qual os produtos que vende têm grande culpa.

A mais nova investida suja da Exxon é uma ação judicial para bloquear a votação de uma resolução climática apresentada pelo Follow This, que reúne ativistas climáticos detentores de ações de petroleiras. Com isso, a empresa espera impedir que os investidores votem na moção do grupo, que apelou à Exxon para acelerar as suas tentativas de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. A ação ainda inclui a Arjuna Capital, que também assina a resolução.

A ação foi impetrada em um tribunal distrital no Texas no domingo (21/1). Nela a Exxon argumenta que a proposta do Follow This viola as regras de petição de investidores da SEC, a CVM dos Estados Unidos. A Exxon solicitou ao tribunal que tome uma decisão até 19 de março, antes da sua reunião anual de 29 de maio, detalha o Guardian.

A BBC afirma que é raro que as empresas recorram aos tribunais para bloquear moções dos acionistas e esta é a primeira vez que a Exxon faz isso. Se a petroleira vencer a ação, poderá ter um impacto significativo nas futuras petições dos acionistas. E seu exemplo poderá ser seguido por outras petroleiras mundo afora que passem por situação similar.

Na semana passada, um grupo de 27 fundos que administram mais de US$ 4 trilhões em ativos – entre eles, a maior gestora de ativos da Europa, a Amundi SA – uniram-se ao Follow This para aumentar a pressão sobre a Shell para que reduza suas emissões de gases de efeito estufa.

Outra pressão sobre a Shell deve ocorrer em abril, quando começará a ser votado um recurso da petroleira contra uma decisão histórica. Um trio de juízes em Haia determinou que a companhia deve reduzir as emissões totais em 45% até 2030 em relação aos níveis de 2019, o equivalente a 740 milhões de toneladas por ano de dióxido de carbono. Enquanto o recurso não é julgado, a decisão permanece, destaca a Bloomberg.

CNBC, Reuters, Financial Times, Bloomberg, New York Times e Wall Street Journal também noticiaram a investida judicial da Exxon contra o Follow This.  

Em tempo: O ano de 2024 será crucial para litígios climáticos. A expectativa é que ativistas e governos locais vão recorrer cada vez mais aos tribunais para responsabilizar os danos climáticos. O Guardian cita o exemplo dos Estados Unidos, onde mais de duas dezenas de governos locais e estaduais estão contestando petroleiras por danos climáticos, enquanto jovens demandantes têm sete processos pendentes contra legisladores estaduais e federais. E ainda lembra que o ano passado trouxe vitórias históricas para essas queixas, incluindo uma decisão inovadora em Montana que poderá forçar o estado a alterar as suas políticas ambientais.

ClimaInfo, 23 de janeiro de 2024.

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