Um ano depois, garimpo ainda ameaça indígenas na Terra Yanomami

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Um ano depois, garimpo ainda ameaça indígenas na Terra Yanomami

Garimpo e desnutrição seguem causando problemas para as comunidades indígenas na Terra Yanomami, mesmo depois de ações do governo federal ao longo do ano passado.

Um ano depois do governo federal decretar situação de emergência na Terra Yanomami, os indígenas que vivem no território em Roraima continuam lidando com ameaças antigas. O contingente de garimpeiros ilegais já não é mais o mesmo do passado, que chegou a ser estimado em 20 mil invasores, mas a presença dos forasteiros segue causando problemas de segurança e nutrição às comunidades indígenas.

Na Folha, Vinicius Sassine e Lalo de Almeida foram à região de Auaris, a mais distante da Terra Yanomami, próxima à fronteira com a Venezuela, e que se tornou um dos principais focos da crise humanitária na Terra Yanomami. Os sinais do garimpo são claros, com clarões na vegetação e pistas de pouso; aeronaves e barcos a serviço da atividade ilegal são visíveis, sem qualquer preocupação em se camuflar da fiscalização.

Mas o garimpo também dá sinais de que voltou em outras áreas do território Yanomami. Rios como o Uraricoera, que serviram como referência para as ações de fiscalização ao longo de 2023, voltaram a ter o aspecto pastoso decorrente da exploração ilegal de ouro.

Os reflexos da volta dos garimpeiros não se restringem aos impactos ambientais da atividade. A situação securitária na Terra Yanomami segue perigosa para as comunidades indígenas, que continuam sofrendo com doenças como malária e dengue. A desnutrição também continua disseminada entre as crianças.

“Os Yanomami ainda estão morrendo, enquanto o garimpo trabalha livremente e a saúde Yanomami está ruim. Não melhorou. O garimpo minimizou em três meses, mas depois voltou de novo”, lamentou Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, ao g1

Para os indígenas, o governo federal ainda falha na proteção de suas comunidades. Um exemplo disso é a situação da Casa de Saúde Indígena (CASAI) Yanomami, em Boa Vista: no ano passado, o presidente Lula visitou as instalações e classificou a falta de estrutura como “desumana”. No entanto, como assinalou a Folha, a unidade de saúde indígena segue funcionando como um hospital improvisado e com lotação acima de sua capacidade.

Um dos obstáculos para ações mais efetivas do poder público é a aparente indisposição das Forças Armadas em apoiar o trabalho de fiscalização ambiental e de atendimento aos indígenas. A Agência Pública informou que, mesmo com a persistência da crise humanitária no território Yanomami, os militares desmontaram um posto de suprimentos em Palimiú, umas das áreas mais críticas dentro da Reserva, que servia como apoio às aeronaves do IBAMA e da Polícia Federal.

O Ministério da Defesa vem se distanciando das ações, sob a alegação de que as tensões atuais entre Venezuela e Guiana do outro lado da fronteira causaram uma “desmobilização” dos militares que atuavam na Terra Yanomami para reforçar a “soberania nacional” em face a um possível conflito. 

Agência Brasil, CNN Brasil, Metrópoles e UOL também abordaram a situação da Terra Yanomami um ano após a eclosão da crise humanitária indígena.

ClimaInfo, 15 de janeiro de 2024.

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