Mesmo com a redução recente do desmatamento, o estado amazônico ainda tropeça no combate ao garimpo ilegal e às queimadas e na grilagem de terras.
A sede da Conferência da ONU sobre o Clima de 2025 (COP30), o Pará ainda tem muita coisa para resolver na proteção do meio ambiente. Uma reportagem d’O Globo destacou alguns dos desafios que o estado enfrenta, em particular no combate ao garimpo, às queimadas e à grilagem.
O Pará é o estado com mais focos de incêndio no Brasil desde 2021; só neste ano, até o último dia 15, o INPE registrou mais de 40,8 mil pontos de queimadas no estado, mais de 1/5 do total nacional (22%) e quase o dobro do 2o colocado nessa lista, o Mato Grosso (11,5%).
Ao mesmo tempo, a taxa de desmatamento registrou em 2023 seu menor valor desde 2018, mas o estado ainda representa a maior parte da perda florestal acumulada desde 2008 na Amazônia (40,85%).
Esse cenário é derivado de um modelo de ocupação que se mantém desde a década de 1970, baseado no desmatamento e na conversão de floresta em pastagem com baixa produtividade, explicou Caetano Scannavino, coordenador do Projeto Saúde e Alegria. “Esse é um modelo que beneficia poucos, mas deixa a conta para todos pagarem. Estamos desmatando para ficarmos mais pobres”, disse.
Os problemas ambientais do Pará devem ganhar mais holofotes nos próximos anos, com a preparação para a realização da COP30 em Belém no final de 2025. Em entrevista à Globonews, o governador Helder Barbalho (MDB) afirmou que o evento é uma oportunidade para deixar legados sociais e ambientais na Amazônia. “Essa é a COP da floresta, da Floresta Amazônica, uma grande oportunidade do Brasil. Belém poderá ser sede dessas discussões para que o Brasil apresente soluções para o clima”, disse Barbalho.
Entretanto, o próprio caso do governador é indicativo de como será difícil transformar esse modelo de desenvolvimento baseado na destruição florestal no Pará. Como bem pontuou André Borges na Repórter Brasil, Helder se equilibra entre um discurso ambiental recém-descoberto e a defesa de projetos e interesses criticados por ambientalistas, em particular na questão do garimpo no sul do estado.
Em tempo: A ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) foi escolhida pela prestigiosa revista Nature como uma das dez pessoas que mais contribuíram para a ciência em 2023. Ela foi a única brasileira da relação, reconhecida pelos esforços recentes para reduzir e combater o desmatamento na Amazônia e reconstruir as políticas ambientais no Brasil. “Em um ano que trouxe incessantes notícias ambientais ruins, como o aquecimento global recorde, ondas de calor e incêndios florestais intensos, Marina Silva trouxe uma mensagem esperançosa [com a redução do desmatamento]”, destacou a revista. A notícia foi abordada por diversos veículos, como Exame, Galileu, ((o)) eco, O Globo e UOL.
ClimaInfo, 19 de dezembro de 2023.
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