Muitos produtores decidiram atrasar o plantio com medo da instabilidade do clima. Na fazenda do agricultor André Luiz Sgorla, no sul do estado, o maquinário está parado. “Não tem água nem para passar os defensivos. A gente tem que ir andar uns 20 km aí com caminhão pipa para buscar água nos poços artesianos”, contou.
André Luiz Sgorla teme ter prejuízos por causa do clima — Foto: TV Globo/Reprodução
O agropecuarista Alexsander Rudimar Borghetti passa pela mesma situação e teme ter prejuízos por causa do alto investimento. “É muito complicado, investimento muito alto, né? Tem bastante funcionários, tem funcionário que trabalha de contrato com a gente, que é só na época do plantio. Então, o pessoal está parado e não é fácil, viu? A gente tem que ter a cabeça muito firme”, lamenta.
Na safra passada, nessa época do ano, toda a área destinada para a soja no Tocantins já tinha sido plantada. Agora, o percentual cultivado está em 70%.
As máquinas de Alexsander Rudimar Borghetti ainda estão paradas — Foto: TV Globo/Reprodução
Para Thadeu Teixeira, engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura do Tocantins (Seagro), um cenário normal e que não traria problemas para os produtores seria com chuvas constantes.
“A chuva boa é aquela chuva que é contínua, um volume que cai e consegue infiltrar no solo. Essa chuva que se arrasta, muitas vezes, ela traz mais prejuízo do que benefício”, explicou
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu em 2,4% a previsão para a safra de grãos 2023/2024. São 7,7 milhões de toneladas a menos em todo o país. Um dos problemas é que a demora no plantio da soja vai impactar a semeadura do milho, que vem em seguida.
“O milho, em princípio, começa o plantio da segunda safra a partir de janeiro, e a janela ideal é até março. Então, como nós estamos com um ciclo muito atrasado da soja, isso já está comprometendo ou poderá comprometer o plantio no período ideal, adequado, em relação à segunda safra de milho. Aí vira, de fato, algo que é totalmente imprevisível o que virá acontecer”, disse Silvio Porto, diretor-executivo de Política Agrícola e Informações da Conab.
Animais afetados
Além de afetar a produção agrícola no Tocantins, a pouca quantidade de chuvas não têm sido suficiente para manter o nível de rios. Por isso a sobrevivência de animais pode estar ameaçada.
Jacarés disputam espaço em lama — Foto: TV Globo/Reprodução
Na Ilha do Bananal, jacarés se amontoam nos poços de lama que ainda restam na Ilha do Bananal. Sem água, os peixes também não resistem. Em um ponto, é possível andar de carro no que já foi o leito de um rio.