Na COP das petroleiras, até a energia nuclear tenta se passar por “limpa” e ganhar novos investimentos sob o pretexto de descarbonizar a produção energética.
Não bastasse a inércia dos governos em abandonar os combustíveis fósseis, um grupo de países chegou à COP28 para defender a ampliação da capacidade de geração nuclear de energia.
Estados Unidos, França, Reino Unido, Japão, Ucrânia, Coreia do Sul, Finlândia e Marrocos, além dos anfitriões da COP28, os Emirados Árabes Unidos, estão entre os signatários de uma declaração lançada no sábado (2/11), que apela à triplicação do uso de energia nuclear até 2050, a fim de cumprir as metas de zero emissão de carbono até o referido ano, informa o Valor.
Os defensores do nuclear, fonte de 18% da eletricidade nos EUA, afirmam que se trata de um complemento limpo, seguro e confiável à energia eólica e solar. Possivelmente quem morava perto das usinas de Three Mile Island, nos EUA, Chernobyl, na Ucrânia, e Fukushima, no Japão, devem ter uma opinião diferente.
Enviado dos EUA para o Clima, John Kerry defendeu a declaração. “Sabemos, porque a ciência e a realidade dos fatos e das evidências nos dizem, que não é possível chegar ao zero líquido em 2050 sem alguma energia nuclear. Estas são apenas realidades científicas. Não há nenhuma política, nenhuma ideologia envolvida nisso.”
Além do alto risco, o New York Times diz que o financiamento é um obstáculo significativo. No mês passado, um desenvolvedor de pequenos reatores nucleares de Idaho (EUA) disse que estava cancelando um projeto que deveria fazer parte de uma nova onda de usinas. O custo de construção dos reatores subiu de US$ 5,3 bilhões para US$ 9,3 bilhões, devido ao aumento das taxas de juros e da inflação.
A 350.org foi uma das organizações que criticou a iniciativa. “Não há espaço para a energia nuclear perigosa acelerar a descarbonização necessária para atingir a meta climática de Paris”, disse o ativista Masayoshi Iyoda. O grupo reforça as energias renováveis e a eficiência energética como a solução para se alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
France24 também tratou da declaração em defesa da energia nuclear.
ClimaInfo, 4 de dezembro de 2023.
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