Mecanismo pretende captar US$ 250 bilhões de fundos soberanos, investindo o capital inicial em ativos verdes e aplicando os seus retornos financeiros nas florestas tropicais.
O governo brasileiro apresentou na COP28 mais detalhes de sua proposta para que países com fundos soberanos, entre outros investidores, apliquem recursos em um fundo criado para manter as florestas tropicais em pé e conservadas em todo o planeta. O dinheiro do Fundo Floresta Tropical para Sempre (FFTS) deve ser aplicado em projetos de preservação e desenvolvimento econômico dos povos que nela vivem ou dela dependem.
Para atender à diversidade de países [cerca de 80] a serem atendidos pelo FFTS, o Brasil propõe que o mecanismo meça simplesmente a cobertura florestal conservada ou restaurada, sem exigir medições mais complexas como a absorção de carbono, a conservação da biodiversidade ou outros serviços ambientais. A proposta também sugere o pagamento de um valor fixo por hectare de floresta em pé, que poderia começar em US$ 25, detalha Ana Carolina Amaral na Folha.
O aporte inicial previsto é de U$S 250 bilhões. “Mundialmente, os fundos soberanos detêm U$S 12 trilhões, sendo que os 13 maiores fundos estão com 8 países que detém US$ 8,8 trilhões. A gente sabe que a maior parte dos fundos soberanos foram capitalizados com a venda de petróleo e combustíveis fósseis. Isso [os US$ 250 bilhões] significa menos de 20% dos ativos de baixo risco que esses 13 maiores fundos soberanos possuem”, explicou o diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Garo Batmanian.
Os critérios de elegibilidade para os países florestais receberem recursos do fundo aludem ao Fundo Amazônia. Assim, a taxa de desmatamento precisa ser decrescente e, preferencialmente, em taxas baixas, em torno de 0,5%.
O presidente Lula faria o discurso final do painel da COP28 sobre florestas, mas quebrou o protocolo e passou a palavra para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chorando ao apresentá-la como “uma pessoa da floresta”, relata o Estadão. Marina afirmou que é preciso que todos os setores assumam suas responsabilidades na proteção das florestas. “Compromisso com floresta não é só de governo, é de empresa, sociedade e da ciência. E nós contamos com toda sociedade”, disse ela.
Estadão, CNN, Agência Brasil e UOL também noticiaram a proposta.
Em tempo 1: O Amazônia. O grupo é uma união inédita entre a instituição brasileira e 17 bancos públicos de fomento dos países da bacia amazônica, em parceria com Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial e a Corporação Andina de Fomento (CAF). A aliança internacional, pioneira na promoção do reflorestamento e desenvolvimento sustentável na Amazônia, informou que deve mobilizar entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões para negócios e iniciativas na região até 2030. Os resultados do plano de trabalho serão levados à COP30, em 2025, em Belém (PA), informam Valor e Poder 360.
Em tempo 2: O Reino Unido anunciou mais 35 milhões de libras (cerca de US$ 45 milhões ou R$ 215 milhões) ao Fundo Amazônia, informam Valor, Agência Brasil, Veja, Exame, TV Cultura e g1. Agora, a contribuição britânica ao fundo soma mais de R$ 700 milhões, ou US$ 145 milhões. Também foi assinado o contrato com o BNDES que permite o repasse dos 80 milhões de libras (cerca de R$ 500 milhões) que o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak prometeu ao presidente Lula durante sua visita ao Reino Unido para a coroação do Rei Charles III.
Em tempo 3: O BNDES lançou o o Restaura Amazônia, um edital de R$ 450 milhões para investimentos na restauração de grandes áreas desmatadas ou degradadas da Floresta Amazônica. A iniciativa faz parte do programa Arco de Restauração na Amazônia, informam Estadão e DW. Os recursos sairão do Fundo Amazônia, formado por doações de fundos soberanos. O objetivo é restaurar 6 milhões de hectares de áreas prioritárias até 2030 e mais 18 milhões de hectares até 2050, e a previsão é de que o Arco da Restauração poderá gerar até 10 milhões de empregos na região.
ClimaInfo, 4 de dezembro de 2023.
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